Por Moacir Gadotti [Sexta-Feira, 15 de Agosto de 2008 às 10:33hs]
A seis meses da nona edição do FSM, Belém já está em clima de Fórum, revivendo o “espírito de Porto Alegre” e demonstrando a vitalidade de um processo iniciado em 2001. A Amazônia está atraindo a atenção de muita gente, em tempos de mudanças climáticas e de aquecimento global.
Todos reconhecemos o papel estratégico que a região tem para o futuro da humanidade. A Amazônia é tida como uma das últimas áreas do planeta ainda relativamente preservadas. Há que se reconhecer, contudo, que não existe uma só Amazônia. Ela não é uma região única, tem diversas realidades. Uma política que pode ser adequada para uma parte da região amazônica não necessariamente é adequada para outra. A diversidade é um dos pontos cruciais do debate.
Em Belém, não será discutido apenas o futuro da Amazônia. O FSM servirá também como pano de fundo para discutir o futuro do planeta. Não será apenas um espaço de discussão, mas um espaço estratégico de construção de alianças, fortalecendo plataformas de ação, como as do Fórum Mundial de Educação, formulando alternativas e apontando caminhos.
Desde já, a região amazônica está se preparando para protagonizar o FSM 2009, formando Comitês Locais, promovendo várias reuniões preparatórias e os chamados “Encontros sem Fronteiras”, com o objetivo de discutir os problemas das comunidades fronteiriças e elaborar alternativas comuns. Dentre essas reuniões preparatórias, podemos destacar: 1) Grande Savana – Brasil/Venezuela (Pacaraima, Santa Ela de Uairén); 2) Alto Solimões – Brasil/Colômbia/Peru (Benjamim Constant, Letícia, Ramón Castilla); 3) Madeira – Brasil/Bolívia, no Acre; 4) Selva Central – Brasil/Peru, no Acre; 5) Macapá, a ser realizada na capital do estado do Amapá, e com delegações do Brasil, Guiana Francesa, Suriname e República Cooperativa da Guiana. Os resultados desses encontros serão apresentados durante o Fórum, na Casa Pan-Amazônica, espaço de referência das lutas locais, que funcionará durante os sete dias da realização do FSM.
Estão sendo estimuladas também as caravanas fluviais e terrestres a partir de vários pontos da Amazônia, sem contar a grande mobilização dos bairros de Belém na preparação deste importante acontecimento para a região, que deverá proporcionar uma participação efetiva dos amazônidas. A voz deles fará a diferença nesse Fórum e se fará ouvir em testemunhos, conferências, mesas redondas, celebrações e mostras culturais centradas no eixo 500 anos de resistência afro-indígena e popular.
Uma consulta prévia e dirigida a todas as organizações, redes e movimentos participantes, como parte desta preparação, foi lançada para conhecer os objetivos de suas ações, campanhas e lutas, contribuindo para a organização e garantindo a mais ampla participação do maior número possível de entidades e pessoas no processo de construção do Fórum.
A nona edição do FSM ocorrerá tanto nas dependências da Universidade Federal do Pará, quanto na Universidade Federal Rural do Amazonas, localizadas em uma única avenida de Belém, a Avenida Perimetral. A região amazônica é composta por nove países: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela, além da Guiana Francesa. A França, com o seu território de “ultra-mar”, também faz parte da Amazônia. O FSM Amazônia, abrangendo 6 dias – de 27 de janeiro a 1 de fevereiro de 2009 – constituir-se-á num espaço privilegiado de discussão das questões envolvendo hoje o tema do aquecimento global e das mudanças climáticas. O dia 28 de janeiro será inteiramente dedicado à Pan-Amazônia, quando os povos e movimentos sociais da região dialogarão entre si e com os participantes de outros lugares. Este FSM poderá criar em todo o mundo uma ampla tomada de consciência das causas da crise ambiental e do modelo de desenvolvimento econômico causador da devastação do planeta.
Na última semana de janeiro de 2008, o mundo estará de olho na Amazônia. Os dados divulgados no final do ano passado e início deste pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas) aumentaram a relevância da temática deste Fórum. Como espaço aberto, o FSM não adotará uma posição centralizada e única, mas, certamente, como um ator político de caráter novo, seus participantes mostrarão caminhos a seguir para uma vida mais sustentável, não só dos amazônidas, mas de todos e do planeta onde vivemos. Sem apontar alternativas, acompanhadas de medidas concretas, todos sairemos perdendo. Essa é responsabilidade de todos e de todas que irão participar do FSM 2009 Amazônia.
Moacir Gadotti
Fonte: Revista Fórum
www.revistaforum.com.br
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário